quarta-feira, janeiro 31, 2007

"Nós, os bêbedos"

Nunca achei piada aos Sampaio. Devo confessar aqui - local quase só reservado à legião das amizades - que o Sampaio Presidente sempre me causou irritação epidérmica. Muito mais os seus discursos. Pior quando tinha de trabalhar sobre eles. Felizmente, acentuo eu, já não precisamos mais de levar com ele. Com mais dez anos de mandato como Presidente da República, Sampaio chegaria, por certo, às portas do retorno da Monarquia.

Pior ainda que o Sampaio Jorge, é o Sampaio Daniel. Ora aí está personagem pela qual nunca nutri qualquer simpatia. Nunca gostei do seu discurso. Proibi-me de ler os seus livros às páginas madrugadoras de "Inventem-se novos pais".
Só que esta ideia estava muito bem guardada, cá no fundo, porque sempre que me atrevia a expressar a minha opinião sobre o psiquiatra Sampaio, logo um coro se levantava contra mim.

Agora, meus amigos, como dizia a minha avó, estou "de cavalo". Com o Sampaio Presidente arrumado, o Sampaio psiquiatra, acaba de assinar com letra bem legível o documento que o vota ao ostracismo cá pró lado dos Almendres. Para que me compreendam, deixo-vos extracto do texto publicado por Paulo Barriga no Correio Alentejo com respectivo link para leitura completa.
Já agora, vai um tinto?

Txt de Paulo Barriga
"Nós, os bêbedos. Daniel Sampaio, pessoa que escreve livros ligeiros sobre assuntos pesados, é um tipo notável. O irmão do nosso ex. é uma pessoas que se tem em muito boa conta, muito atenta, e que escreve coisas muito sérias sobre o comportamento das pessoas, sobre a vida em família, sobre os tempos que correm, sobre a sociedade em que vivemos, sobre a educação das crianças, sobre a influência do meio físico e social na formação da personalidade... enfim, é uma Margarida Rebelo Pinto com algum requinte e, certamente, menos pêlos louros. Algumas pessoas compram os livros ligeiros de Daniel Sampaio. E há até quem seja reincidente em tal descuido. O conselho que aqui se deixa vai no sentido de se utilizar tais objectos com algum cuidado e seguindo as mais elementares normas de segurança próprias ao manuseamento de produtos tóxicos. Na última obra de Sampaio – que um amigo me fez chegar em fotocópia – debruça-se o autor, entre outras profundas superficialidades, sobre o consumo de álcool na adolescência e sobre a influência por mimetismo que os jovens decalcam no comportamento dos pais. Observa o “cientista” que existem, por igual, factores de ordem genética e cultural que explicam o abuso de álcool, mas que é o exemplo que se dá em casa que mais contribui para as bebedeiras precoces que os adolescentes gostam de apanhar entre amigos.E dá uma sugestão aos incultos progenitores indígenas: “devem, por isso, não beber ou beber com moderação, nunca surgindo embriagados junto dos filhos”. No entanto, não se esquece o sóbrio Sampaio e até compreende, que existem hábitos culturais muito enraizados que são difíceis de apagar: “É difícil dizer a um alentejano que seja abstémio, mas é crucial esclarecê-lo de que deve beber pouco, sobretudo se já tem descendentes”. Vem a bela pérola da psiquiatria de pechisbeque nas páginas 191 e 192 do último livro do salvador, intitulado Lavrar o Mar.Sampaio, ao que se depreende das suas doutas palavras, está em missão ou em vias de querer missionar o Alentejo no sentido de esclarecer esta gente bárbara para não beber à frente dos filhos. Preconceituoso embora persistente, o bom do Daniel conhece as dificuldades inerentes a uma empresa desta envergadura: é muito difícil convencer um alentejano a não se embebedar todos os dias. O investigador tem, por conseguinte, trabalho de campo adiantado e já concluiu coisas importantes: a) todos os alentejanos são bêbedos; b) embebedam-se à frente dos filhos; c) tem maus fígados, pelo que não é fácil convencê-lo a deixar de beber sem se correrem riscos de ordem física ou outros. E esse é também a sugestão que aqui lhe deixamos com muita intensidade e alguma pena: deixe de beber, senhor doutor, vai ver que as ideias lhe saem menos toldadas, menos arbitrárias, menos limitadas. Até lá, as pessoas deviam de ser salvas de ler os seus livros, pelo menos os alentejanos que, pelos vistos, não lhe merecem uma pinguinha de respeito."

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Obreiros do futuro

Uma gélida manhã na planície. Sábado 27 de Janeiro.
Sócrates apresenta os vectores do que apelida "o futuro" do Baixo Alentejo.
Fala de Alqueva, Aeroporto de Beja, porto de Sines, IP8, IP2 e blá,blá, blá.

Os engenheiros de Alqueva, numa foto tirada por António Carrapato, e publicada no Cá do Alentejo, esperavam o primeiro.
Legenda da Foto: Sem esta equipa, Sócrates nunca apresentaria qualquer obra.