terça-feira, julho 24, 2007

20 anos

Discutindo as agruras da vida com meia dúzia de camaradas, há dias, enquanto se esperava pelo presidente Cavaco, a conversa virou-se para os anos de profissão. Eles recordavam o primeiro dia. Quase todos sabiam a data concreta. O primeiro dia... Na rádio. No jornal. Os primeiros passos na Redacção. Eu não. Sabia o ano, não a data. Nunca liguei a datas. A minha pedra é desprovida de datas gravadas. Tal como esqueço o dia do meu próprio aniversário também nunca um amigo recebeu a surpresa de levar com as minhas felicitações em dia de anos. Não sei a data dos anos de ninguém. A dos meus filhos acabo por sabê-la devido à excitação nas semanas que antecedem o acto. De resto… zero. As datas são meros números. E números são fantasmas do passado.
Às vezes o passado tem surpresas.
Remexo em blocos antigos, onde sempre escrevi a vida ou rabisquei notas de reportagem. No meio de um canhenho mal amanhado, velho não só pelo tempo – já naquela altura devia ter mau aspecto – descubro uma folha, dobrada em quatro, caligrafia disforme – a minha.
Uma carta a uma namorada da época. Fantástico! O teor da carta, que não sei se seguiu (será aquele pedaço de papel mero rascunho, ou terá sido carta nunca enviada?), é totalmente desinteressante. Imberbe. Como o são os 18 anos.
Por entre patranhas ingénuas contadas a uma amada sem nome - embora saiba a quem se destinava – encontro uma data: 24 de Maio de 1987. Data inscrita na dita carta. Recorrendo ao calendário do telemóvel fico a saber tratar-se de um domingo.
O que tem isto de interessante? Pouco, é certo. Só que mais à frente escrevi à paixão da altura que me ia estrear aos microfones na quinta feira seguinte.
O que, para mim, apenas para mim, leva a uma brilhante descoberta: falei pela primeira vez aos microfones a 28 de Maio de 1987. Na altura – isso lembro-me bem, sempre o soube – falei sobre os Dire Straits. Até sei a frase primeira do meu texto. Como se agora mesmo o tivesse escrito: “numa época em que o supérfluo se sobrepõe ao essencial, os Dire Straits…” – mais não recordo.
Eu que sou mais de revoluções, sabendo disto agora, desta data, só me ocorre a interrogação: pode o meu estado durar tanto quanto o outro que fatidicamente se iniciou na mesma data, mas em 26?
Fica gravado. Não na pedra. Apenas neste blog de amores e humores ocasionais.

quinta-feira, julho 12, 2007

Estrela minha


Todas as noites me perco neste namoro.
Olho-a. Embevecido.
Platónico.
Podre de paixão.
Ela, irradia luz.
E abre um sorriso
(apenas para mim)
Não lhe sei o nome.
Mas amo-a.
É a estrela mais brilhante do meu céu.

Quero-a. Só para mim.
Ela insiste na companhia das outras.
Procuro demovê-la.
Revelo-lhe minha paixão
amor eterno.
Em vão.
Responde-me em sorriso.
A minha estrela.

quinta-feira, julho 05, 2007

Força Carlos!!!

O Gonçalo deixou esta mensagem:
Para o Carlos
Por vezes as palavras custam a sair. Os sentimentos perturbam e confundem. As perguntas surgem mas as respostas não saem. Falei contigo há minutos. E hoje trato-te por tu. Não disse tudo o que queria. Há-de vir o dia, meu amigo! Boa sorte para amanhã!GG

Fora de contexto, é difícil percebê-la. Meu Amigo, entendo-te bem. Percebo a tua preocupação e o embargo que silencia a tua voz.
O Carlos Júlio é forte. Não será um tumorzeco a derrotá-lo.
Não te esqueças, caro Gonçalo, que ele passou incólome às balas na Guiné. Nem preciso de te recordar do episódio de Prizren, no Kosovo, com os cinco mísseis disparados por caças americanos à sua coluna acabando por matar o seu motorista e tradutor.
O Carlos não só se safou como pôs a salvo alguns camaradas. Talvez não te lembres, mas a jornalista inglesa que ele retirou "debaixo" dos mísseis, na sua reportagem, descreveu-o quase como herói, afirmando que foi quem lhe salvou a vida.
Sem mais histórias. Sabes tão bem como eu que não é fácil torcê-lo. Tem sempre um último argumento para ficar por cima. Um último trunfo usado com mestria para nos "lerpar".
Assim será desta vez. Não duvides, caro Gonçalo.
O ano vai ser duro para ele. Nós, vamos estar aqui. A sofrer por fora. No final, riremos todos à volta de um tinto.
Um abraço

segunda-feira, julho 02, 2007

Quadros de uma exposição


Chama-se Partilhas.
Carlos Ferreira partilha connosco a sua arte. Mostra-nos o mundo das suas descobertas através da pintura. Mote de vida. Quadros impressivos. Cenas quotidianas. Ou simplesmente traços encontrados nos poemas. Na poesia da vida.
Carlos Ferreira é um poeta das cores.
Neste acrílico sobre tela, publicado em Março, questiona o mundo lá do sul. Do sul do sul. Uma África acompanhada pelas palavras de Agostinho Neto.
Momentos imperdíveis em cores vivas partilhados através do seu original blog.
A música, calma e encantadora, ajuda a percorrer os quadros.
Mussorgsky prestou homenagem ao amigo através da suite "Quadros de uma Exposição".
Assim presto eu homenagem ao amigo Carlos Ferreira.
Para que desfrutem dos quadros da sua exposição

Mundo da música


Às vezes temos a sensação de que nada acontece nesta pasmacenta cidade. Verdade?
Ora então, visitem o site que vos deixo e vejam a maravilha programada para os próximos dias. Com a chancela da Casa Cadaval. Com brasão real e tudo.

http://www.festivalevoraclassica.com/

E Viva a Música!!!